7 de dez. de 2009

O PMDB abandona o barco


A Executiva Regional do PMDB decidiu nesta segunda-feira (7) deixar o governo de José Roberto Arruda (DEM), acusado de participar de um suposto esquema de distribuição de recursos a parlamentares aliados na Câmara Legislativa do DF.
O PMDB vai entregar os cargos que ocupa na gestão Arruda, retirar o apoio político ao governo local, mas não determinou punições aos deputados distritais do partido flagrados recebendo dinheiro do suposto mensalão do DEM.
O deputado Tadeu Filipelli (PMDB-DF), presidente do partido, afirma que as denúncias esgotaram a possibilidade de a legenda permanecer no governo Arruda. “O PMDB foi o último partido a entrar na base. O seu afastamento tem o apoio dos seus membros. Nós determinamos de imediato o afastamento de todos os cargos do PMDB”, disse.
Atualmente, o PMDB ocupa a presidência da Novacap (companhia urbanizadora do DF), a presidência da Codeplan (Companhia de Desenvolvimento do Planalto Central), a administração do Plano Piloto e a chefia de gabinete do governador Arruda –que era ocupada por Fábio Simão, acusado de gerenciar os contratos de terceirização de serviços do governo do DF, com o objetivo de arrecadar dinheiro de propina dessas empresas para o suposto esquema do mensalão.
Filipelli disse que a saída do governo Arruda vai fazer com que o PMDB acompanhe de forma “suprapartidária” os desdobramentos da crise no DF. “Não existe mais o compromisso de apoiamento político. Mas não podemos ainda falar em 2010, seria uma loucura falar sobre isso no meio de uma crise política desse tamanho”, disse Filipelli.
Filipelli disse, porém, que a bancada do PMDB na Câmara Legislativa é quem vai decidir se o partido vai manter o apoio ao governo Arruda no âmbito do Legislativo. “Caberá à líder decidir”, afirmou.
O PMDB é o sexto partido a desembarcar do governo Arruda desde o início das denúncias. Até agora, PPS, PSDB, PSB, PDT e PV já retiraram o apoio ao governo do democrata.
Apesar de anunciar o rompimento com o governo Arruda, o PMDB não estabeleceu punições para os deputados do partido suspeitos de envolvimento no mensalão do DEM. Filipelli disse que seria “açodado” puni-los sem a conclusão do inquérito em curso na Polícia Federal sobre o caso.
“Como vamos condenar uma pessoa por um fato que está sendo acompanhado pela Polícia Federal, pelo Ministério Público e pela Justiça? Como o partido vai antecipar, condenar a pessoa. Não o faremos [antecipar a condenação] de forma nenhuma”, afirmou.
Na opinião de Filipelli, os deputados flagrados por Durval Barbosa, ex-colaborador de Arruda que gravou as imagens do suposto mensalão, estavam apenas recebendo recursos não declarados para a campanha eleitoral de 2006. “A imagem flagrante é de 2006, mostra um crime eleitoral. Isso não é suficiente para punições”, afirmou.
Questionado se o partido não deveria punir crimes eleitorais, Filipelli disse que o partido não deve “tolerar crime nenhum”, mas que isso é insuficiente para afastar qualquer filiado da legenda.
Os deputados distritais Eurides Britto (PMDB), Benício Tavares (PMDB) e Roney Nemer (PMDB) estariam envolvidos no suposto mensalão do DEM. Eurides Brito, líder do governo na Câmera Legislativa, é acusada de receber R$ 30 mil mensais em troca do apoio político-partidário ao governo Arruda. Ela aparece em vídeo enchendo sua bolsa com dinheiro entregue por Barbosa.
Além dos parlamentares, o ex-deputado distrital Odilon Aires, atual presidente do Instituto de Atendimento à Saúde do Servidor, aparece em um vídeo recebendo dinheiro de Durval Barbosa, que o acusa de receber R$ 30 mil mensais do esquema.
Todos os deputados distritais integram a executiva regional do PMDB, mas apenas Odilon Aires participou da reunião.
Na quarta-feira, será a vez da Executiva Nacional do PMDB discutir o apoio do partido ao governo Arruda depois do surgimento do mensalão do DEM.

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