
Desejo um 2012 de muito sucesso e realizações. São os votos de Lennon Custódio e família.
A voz embargada de Dilma Rousseff marcou o início da cerimônia no Palácio do Planalto para o lançamento do Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, ocorrida no último 17. Diante de um público que incluía as filhas do deputado Romário e do senador Lindbergh, ambas com síndrome de Down, a presidente não conteve as lágrimas ao afirmar que em momentos assim valia a pena ser presidente do Brasil.
Dilma entendera, finalmente, o quão deficiente tem sido a nação durante décadas de um governo assistencialista, mas pretensamente igualitário? É o que se espera neste Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, celebrado em 3/12. É também o que aguardamos para os próximos anos, quando o governo federal efetivamente passará a cumprir as metas do ‘Viver Sem Limite’, um pacote dirigido à população com deficiência com previsão orçamentária de 7,6 bilhões.
Segundo dados do Censo 2010 do IBGE, o Brasil já conta com 45,6 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência. O número corresponde a 23,91% da população. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, nos países em que o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é elevado, este percentual chega a 1%.
Dados os números alarmantes de um Brasil de deficiências, a nova iniciativa do governo traz à tona um imperativo pouco aplicado no país: as ações de prevenção. Estima-se que 90% dos casos de deficiência visual estejam concentrados em nações em desenvolvimento e a maior parte poderia ser evitada. O glaucoma e a catarata são as principais causas de cegueira na população brasileira adulta. Já na infância, estes problemas são decorrentes de baixa nutrição e infecções. Parece-me paradoxal que hoje, aguardemos a aparição de um tetraplégico dando o pontapé inicial na bola da Copa de 2014, a partir das possibilidades da neurociência e dos estudos do talentoso cientista brasileiro Miguel Nicolelis, enquanto problemas como a falta de saneamento básico ainda ocasionem doenças capazes de causar cegueira em nossas crianças.
Obstáculo tão grande quanto garantir o acesso à saúde será solucionar a questão da educação inclusiva, tendo em vista o novo Decreto 7611/2011 que modifica a exigência da matrícula de alunos com deficiência na escola comum, permitindo que esta também ocorra em uma instituição especializada. Não podemos ignorar o descontentamento de parte dos defensores da causa, que enxerga na mudança um retrocesso ao processo de inclusão - tendo em vista que a criança ou jovem com deficiência, mesmo tendo acesso à educação na escola especial, estaria segregado do ambiente comum a todos os demais estudantes. Portanto, caberá ao governo não permitir que as escolas regulares se eximam da responsabilidade de se adaptar para alunos com deficiência.
A presidente parece ter entendido que a deficiência está no meio e não no indivíduo. Ao tentar me cumprimentar com um aperto de mão, Dilma deparou-se, possivelmente pela primeira vez em sua vida, dado seu visível estado de choque, com alguém que não podia mexer braços e pernas. Mas, hoje ela sabe que muitas das medidas propostas e acatadas ao programa são frutos do trabalho de um grupo de parlamentares com deficiência. Agora caberá ao seu governo cumprir o que o plano prevê e sanar o que há décadas vem sendo negligenciado a uma população que não parece fazer parte da sétima economia do mundo. A mim, você e a toda a sociedade caberá fiscalizar e cobrar esta tão esperada igualdade social.
Mara Gabrilli, 44 anos, psicóloga e publicitária, é deputada federal pelo PSDB-SP
(Artigo publicado no jornal Folha de São Paulo, de 5/12/2011).
Ao ser preso, Dias tentava devolver 200.000 reais que lhe foram oferecidos por emissários do governo local em forma de “cala-boca”. E fez, então, um depoimento revelador. Ele contou em detalhes o esquema de arrecadação de dinheiro para o caixa dois da eleição do ano passado. Até agora, Dias poupava de suas denúncias o governo do Distrito Federal. A blindagem parece ter acabado. VEJA teve acesso ao depoimento em primeira mão.
Segundo João Dias, o atual secretário de Governo, Paulo Tadeu (PT) fez um acordo com um doleiro e o policial civil aposentado Marcelo Toledo, personagem do Mensalão do DEM na capital. Pelo acerto, o doleiro faria as nomeações na empresa pública DF Trans e no BRB Seguros, companhia do Banco estatal de Brasília. Como parte do acordo, diz João Dias, Tadeu recebeu 500 000 reais no edifício Garvey Park Hotel, no centro de Brasília, durante a campanha eleitoral de 2010. O coronel Rogério Leão, chefe da Casa Militar do governador Agnelo Queiroz, teria testemunhado o episódio. O acerto não teria sido cumprido e resultou em um episódio no qual os grupos do doleiro e do governo de Agnelo se encontraram em uma padaria e quase trocaram tiros.
De acordo com o PM, foi proposto então um segundo acordo ao deputado Paulo Tadeu, para que a parte descontente controlasse a troca da iluminação pública do DF por lâmpadas de LED, no valor de 1,3 bilhão de reais, e a construção de garagens subterrâneas no centro em sete pontos de Brasília, um contrato de 350 milhões de reais. O policial contou que o grupo do governo local ofereceu um acerto com o doleiro, já que o governo de Agnelo já tinha indicado outras pessoas para as diretorias do BRB.
Compra de testemunha - Segundo João Dias, o coronel Leão também participou de um plano envolvendo uma das testemunhas que prestaram depoimento contra o governador Agnelo, Daniel Tavares. João Dias diz que no último domingo recebeu em sua casa uma comitiva em nome do secretário Paulo Tadeu, dentre os quais um delegado da Polícia Civil, um coronel da Polícia Militar, um membro da família do próprio secretário e uma mulher. A comitiva, diz ele, ofereceu 200 000 reais em espécie “para não detonar o governo do Distrito Federal”. A versão de João Dias vai ao encontro do que a uma acusação feita pela oposição a Agnelo há um mês: a de que o coronel Leão intermediou a mudança de depoimento de Tavares, que acusava o governador de ter recebido propina mas depois voltou atrás.